quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Lidar com a ansiedade



O que é a ansiedade senão uma sensação de desconforto, variando de intensidade, perante aquilo que está a acontecer na nossa mente. A ansiedade é relativa a algo que não está a ocorrer no presente, ela resulta de uma suposição mental, um julgamento sobre algo que poderá ocorrer ou não do modo que estamos a pensar que irá ocorrer. 

A ansiedade é sofrer por antecipação algo que quanto acontecer poderá ser, normalmente é, diferente daquilo que pensávamos que iria ser. A ansiedade é resultado de uma estória criada na nossa mente que apenas tolda a nossa ação. 

No entanto ressalvo que a ansiedade não é culpa da pessoa que a sente, não se trata de culpar as pessoas pelo facto de sentirem ansiedade, nem é culpa de mais ninguém porque isso seria encontrar um bode expiatório para nada fazer e ceder aos efeitos da ansiedade. 

A ansiedade é variável de pessoa para pessoa e mesmo no tempo para uma mesma pessoa. Logo não existe uma formulação mágica para colocar término à ansiedade, no entanto através de um aumento de consciência vai-se libertando do poder da mesma e tomando algum controlo até que poderá colocar um fim a essas situações que espoletam a ansiedade.

Nalguns casos é útil a ajuda de alguém externo para nos orientar a essa maior consciência e ganho de ferramentas para lidar com os efeitos da ansiedade e como identificar os sinais potenciadores da mesma por forma a lidar com ela o mais cedo possível e desse modo impedir que tenha um maior controlo sobre nós.

Desde logo um passo útil para lidar com a ansiedade é o reconhecimento que ela existe e que está a acontecer em nós quando está a acontecer, pois a sua rejeição e tentativa de a evitar só lhe concede mais poder sobre nós e menor discernimento para lidar adequadamente com a situação. Aceitando quando acontece, sem subjugação à mesma, através do tomada do consciência de que está a ocorrer.

Depois observar o caudal de pensamentos associados a esses episódios de ansiedade, que tipo de pensamentos surgem para de seguida se permitir questionar esses pensamentos, colocando-se a questão será verdade o que dizem estes pensamentos, será mesmo verdade? Se a resposta for sim, no momento parece-lhe que sim é verdade o que lhe dizem os pensamentos. 

Então questione-se se poderia ser diferente, se haverá alternativa ou versões que sejam igualmente verdadeiras e se sim, permitir-se escolher uma dessas versões que sejam menos perniciosa para si. Isto pode à primeira vista parecer um pouco complicado e de início poderá ser, à medida que for praticando vai-se simplificando e tornando mais natural e automático.

Outra prática associada ao questionamento dos pensamentos é a meditação, esta ajudará a focar a sua atenção no momento presente e quanto mais pratica menor será o espaço deixado livre para que pensamentos de ansiedade se possam expressar. Porque na realidade a ansiedade é sempre sobre algo que poderá acontecer no futuro, mais ou menos distante, e no entanto o futuro não existe  a não ser sob a forma de pensamento.

O futuro é uma estória criada no presente sobre algo que poderá ocorrer algures mais à frente na linha do tempo logo ao praticar meditação levará a que esteja mais presente no agora e desse modo mais consciente de si e das suas capacidades, fazendo desse modo melhores opções face ao que ocorre no presente, deixando assim menos espaço de manobra para que surjam situações potenciadoras de ansiedade.

A ansiedade tem também associado manifestações físicas, desde pulsações mais aceleradas, alterações respiratórias, de humor, etc. Podendo em casos mais extremos originar ataques de pânico. Aqui mais uma vez a observação é relevante pois permite criar um distanciamento entre aquilo que são os sintomas e aquilo que é a pessoa que os experiencia.

Desse modo consegue ganhar um maior controlo sobre os efeitos que permite que tenha sobre si. Deixando de estar totalmente identificado com os pensamentos que surgem em si e tendo ciente que é o espaço onde ocorrem esses pensamentos e não os pensamentos por si só, isso permite-lhe estar menos dependente e uma maior capacidade de agir sobre essas situações.  

Algo que também ajuda é deixar de assumir algo que acontece em si como algo que o defina, ou seja, a pessoa pode experienciar sensações de ansiedade e não assumir por isso que é ansioso, pois ao assumir como sendo ansioso assume isso como se fosse uma característica sua e quanto mais o faz mais tenderá a originar situações que o confirmem tornando assim numa profecia auto-realizada. Em vez de dizer sou ansioso diga eu estou ansioso e isso é algo que é temporário e não permanente.

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