sábado, 11 de outubro de 2014

Viver aquilo que é




A vida é simples, nada tem de complicado, tudo encontra o seu lugar, tudo tem a sua relevância. Nada é excluído. O ser humano é vida também, mas julga-se separado da vida, acredita que esta é algo que lhe acontece, algo externo.

Crendo que a vida é esse algo externo, o ser humano desgasta muita energia na tentativa de controlar essa realidade externa, procurando que esta seja aquilo que julga ser o melhor para si. Em busca de um ideal perfeito que crê conhecer e nessa busca por esse ideal vai descuidando aquilo que é a realidade.

O tal ideal é algo que irá acontecer no futuro depois de atingir, de reunir as condições perfeitas, mas as condições perfeitas nunca são alcançadas pois de cada vez que parece alcançá-las, novas surgem. Tornando incessante este processo.

Por si só isto nada tem de errado. É parte desta experiência humana. Aquilo que poderá parecer errado, que origina as complicações é o apego que se tem a esta experiência, acreditando que nos define, que nos limita.

A experiência humana é feita de contrastes, e são esses contrastes que nos permitem vivenciar em pleno cada momento. É vivendo aquilo que julgamos como mau que nos permite dar mais valor ao que julgamos como bom.

No entanto são esses contrastes também a fonte de grande sofrimento quando achamos que vivemos mais coisas más do que boas e nos comparamos com aqueles que estão, aparentemente, melhor do que nós.

O que podemos fazer então para não sofrer em vão?

A resposta é simples, basta viver aquilo que é. Ou seja quando a experiência que estamos a vivenciar nos parece boa, permitir-nos viver isso em pleno. O mesmo se aplica ao que crêmos ser mau. A diferença é que tendemos a rejeitar estas últimas, tudo fazemos para não vivenciar aquilo que nos parece mau.

E é precisamente essa rejeição que lhes concede mais força sobre nós, que mais ocupa a nossa atenção e causa maior desgaste de energia.

Ao viver aquilo que é, estando presente por inteiro para aquilo que se manifesta na nossa vida, que se manifesta em nós, tomamos consciência que tudo ocorre como tem de ocorrer e se acontece é perfeito que aconteça. Tendo a certeza que nada do que possa ocorrer coloca em causa aquilo que somos em essência. A isto chamo de otimismo realista.

Quanto mais vivemos aquilo que é, menos impacto tem em nós, enquanto humanos, os momentos maus. Pois em vez de os rejeitar de imediato aceitamos aquilo que nos ensinam. E relembramos quem somos de verdade.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...