quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Estando aqui apenas de passagem


Todas as posses que julgamos ter são apenas uma ilusão, de verdade nada possuímos. Estamos de passagem por esta realidade humana, ela é temporária e daqui nada levamos. Assim quanto mais livre de posses estivermos, mais leves viajamos e mais desfrutamos da simplicidade perfeita de cada momento.

E as posses que refiro não se cingem ao material, refere-se sobretudo à bagagem constante que carregamos dentro de nós. Por vezes caminhamos muito vergados pelo peso dessa bagagem interna, tornando muito difícil o caminho, que por si só é simples quando feito de despojamento.

O peso da história sobre o que somos e todas as memórias colecionadas que habitam em permanência a nossa atenção, procurando condicionar a perceção da realidade que nos envolve em cada momento. Fazendo essas memórias uma projeção constante sobre aquilo que é percecionado na realidade e desse modo retirando-nos da nossa vida.

Ver a realidade atual pelo prisma das memórias afasta-nos da vida que somos, crendo desse modo que somos vítimas da vida, como que se esta fosse algo externo a nós e que nos vai acontecendo sem qualquer responsabilização da nossa parte. 

E no entanto a vida é aquilo que somos, nós somos vida, em toda a sua extensão. Por muito iludidos que possamos estar nunca deixamos de ser vida, ela é muito maior que o conjunto das nossas memórias.

A vida que somos acontece sempre no aqui e agora, não existe outro momento ou lugar onde ela possa ocorrer. Esta vida humana é uma faceta dessa vida essência ilimitada que somos e como tal devemos desfrutar em pleno cada momento deste pedaço de vida humana.

Simplificar a nossa existência libertando a bagagem que carregamos, perdoando esse passado que se insinua a cada instante querendo condicionar aquilo que acontece no presente. Livres viajamos despertos, com desapego. Sem necessidade de agradar a quem quer que seja, sendo apenas e só aquilo que somos. Sendo como somos, sem máscaras, sem subterfúgios.

Estamos aqui apenas de passagem, nada trouxemos e nada levaremos. Apenas as experiências vividas a cada momento com a intensidade de estar presentes por inteiro em contacto com a essência.

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