segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Comentadores da vida


Raramente vivemos a vida como ela é, pois para isso é necessário estar presentes para a viver, e estar presente é viver no agora, tudo o que seja fora do agora é uma mera ilusão, que contudo é real para quem a cria.

Enquanto humanos estamos na maior parte das vezes ocupados com os pensamentos que ocorrem na nossa mente, aceitando que somos apenas esses pensamentos e aquilo que consideramos a nossa vida é na realidade uma interpretação que fazemos sobre o que acontece.

Somos verdadeiramente comentadores da vida, ocupamos o tempo todo a julgar o que ocorre, sempre ocupados com as memórias que pululam na nossa mente e tudo o que ocorre é medido por essas memórias, que são a medida de julgamento para o que percecionamos como real.

E quanto mais recorremos às memórias para avaliar o que acontece, mais força lhes concedemos para condicionar a nossa realidade e as novas memórias que julgamos criar são recriações das memórias antigas.

É apenas no presente que criamos aquilo que serão as nossas memórias do amanhã, se essas memórias forem apenas recriações das memórias antigas, ficamos presos a um reviver constante do que passou, sem aprender, sem evoluir com o que passou. Vivemos mergulhados em pensamentos sobre o passado que nos impedem, enquanto o permitirmos, de viver a vida como ela é, simplesmente como ela é.

Limita-mo-nos a comentar a vida que somos de acordo com aquilo que julgamos ter sido e tudo aquilo que consideramos como errado em nós projetamos naqueles que fazem parte da nossa realidade, por forma a livrar da culpa, a livrar do peso do que nos desagrada; Tudo aquilo que nos desagrada nos outros é uma projeção de aspetos nossos que pretendemos evitar, que escolhemos não ter consciência deles e no entanto a vida dá-nos a oportunidade de lidar com eles para os superar aprendendo o que temos de aprender com eles.

É mais fácil ver os nossos defeitos representados por outros,julgando que nada tem a ver connosco e do alto da nossa elevada moral, criticar o que fazem, os seus comportamentos e achar que estão muito longe de nós, que somos melhor do que eles são e no entanto todos somos uma só essência, estamos todos ligados.

Podemos escolher ver aquilo que é e aceitar o que somos como parte desse todo, ou achar que nada temos a ver com isso e continuar a alimentar a ilusão de separação, a alimentar essa ideia de personalidade embelezada pelo corpo físico e todas as suas habilidades.

O que fazer então?

Na realidade nada nos é pedido fazer, pelo contrário, é fazendo menos que iremos descobrir que tudo o que julgávamos que faltava, tudo o que procurávamos já existem em nós e que todos os problemas que acontecem são apenas chamadas de atenção para despertarmos para a realidade da nossa essência e que apenas precisamos de aceitar os sinais e orientação da vida.

Nós somos vida, ela acontece em nós, para nós, somos nós a vida em todas as suas diferentes manifestações. Podemos escolher deixar de a comentar e apenas a desfrutar tal como ela é.

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