quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Abraçar a vida por inteiro


Abraçar a vida por inteiro, plenamente como ela se apresenta em cada momento, sendo como é; normalmente não vives a vida como ela é, mas sim vives aquilo que percecionas como a tua vida. E daquilo que percecionas tendes a afastar, a resistir a tudo aquilo que julgas como mau, tudo o que te desagrade.

Fazes isso pensando que te proteges ao desviar a tua atenção de tudo aquilo que não gostas, mas ao fazê-lo estás na verdade a resistir à tua vida, estás a procurar ignorar uma parte de ti e disso só pode resultar desconforto, só pode resultar dor.

A vida que tens como tua, é uma projeção do teu interior e tudo sem exceção é parte integrante dela, tudo é experiência e aquelas situações e pessoas que julgamos como negativas, como más, são na verdade os nossos maiores auxílios na tarefa do autoconhecimento, no despertar para a verdade da nossa essência.

É o medo que te leva a afastar, que te leva a desconsiderar essas partes de ti que rejeitas, mas quando o fazes estás a reforçar o poder que exerce sobre ti, sobre aquilo que experiências na tua realidade. 

Tudo aquilo que rejeitas, que procuras ignorar, na verdade é a tua vida que estás a negar, pois o que quer que ocorra na tua realidade é perfeito que ocorra e estando recetivo a tudo o que ocorre, mais simples será para ti aprender o que tens de aprender, de relembrar na verdade e evoluir ao encontro da tua essência.

O verdadeiro complicómetro resulta de cada julgamento que fazemos, esse julgamento resulta de memórias passadas e não do que ocorre no momento presente, resulta das crenças que pululam na tua mente limitada, na ideia limitada de ti, o ego, mas tu és ilimitado, não tens limites, ainda que cries a ilusão de o ter.

E no entanto a resposta não passa por rejeitar o ego, por o considerar o mau da fita e o culpar de tudo o que de errado, julgas, acontecer na tua vida. A resposta é precisamente o contrário, é aceitando o ego, essa ideia limitada de ti, como é, sem julgamentos, permitindo-te observar, tu és esse espaço ilimitado onde essas ideias ocorrem. 

Quando te olhas ao espelho aquilo que vês é um corpo, que acreditas ser tu e que os teus pensamentos te dizem ser tu mesmo, e no entanto aquele que vê, aquele que observa essa imagem no espelho, não o consegues ver. 

O observador não se vê senão nas projeções do observado e o simples ato de observar altera o observado, ou seja, aquilo que pode ser um problema para ti, não é a existência do ego,dessa ideia limitada de ti, mas sim que acredites que és apenas isso, que nada mais há para lá desse habito que alimentaste sobre quem és.

E na medida em que acredites ser apenas esse corpo e os pensamentos que surgem na tua mente, aceitas-te como separado de tudo o resto, alimentas o medo da sobrevivência, onde apenas os mais fortes podem sobreviver, acreditas que tudo é escasso, que aquilo que dás é uma perda para ti, e procuras receber o mais possível dos outros. 

Esse medo condiciona a tua atenção desviando-a do momento presente, do agora, onde de facto vives, onde de facto tudo ocorre, fora deste momento nada existe a não ser uma mera ilusão, que se alimenta da tua atenção e energia.

Assim para te libertares dos condicionamentos, para desligares o complicómetro e te conheceres de verdade, aceita a tua vida inteiramente, todas as partes dela, sem exceção e se te apanhares a rejeitar algo, a julgar veementemente algo ou alguém, isso serve como um sinal para parares, para dedicares a tua atenção e ver o que te quer ensinar. 

Na verdade não tens que fazer nada, basta-te entregares em cada momento a decisão à tua mente alargada, à tua essência, onde somos todos um, e ficar recetivo à sua orientação, confia e entrega e verás como tudo muda.

1 comentário:

  1. Agradeço .
    Estou confusa , mas a confusão irá passar .
    Ainda não entendo algumas frases , mas aceito este ensinamento novo .
    O meu marido partiu ( não se morre , simplesmente vamos viver para outro local do Universo )e eu fiquei numa tristeza , profunda .
    Levantei-me e fui tomar um delicioso banho e arranjei-me com carinho e cuidado , pois desde que fiquei em tristeza , nada me interessava .
    Observei-me ao espelho e depois olhei para os meus olhos durante algum tempo e , vi-me muito bela , tão bela que jamais , me tinha visto assim.
    As lágrimas rolaram pelo meu rosto e eu disse : - Tinha tantas saudades
    de mim.
    Ao ler este seu texto , acho que algo se passou naquele dia , que eu não posso explicar, não há forma , nem palavras , pois foi algo fora do comum . ( e no entanto aquele que vê, aquele que observa essa imagem no espelho, não o consegues ver. )
    Maria

    ResponderEliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...